A Golegã...

15 Novembro 2009

Hoje é um dia triste... Sempre foi, tu sabes que sempre foi! É o último dia da Feira, quando diziamos “Golegã, até pró ano!”.

Hoje fui à missa... Preciso acreditar, acreditar que há um motivo para a minha vida ter ido embora... Não tu! Porque sei que estás aqui... Mas estou tão perdida, Bicho! Desculpa a minha fraqueza mas eu tenho-me esforçado, tu vês isso, não vês? Eu fui lá... à Golegã! E sei que também tu estavas lá, eu senti! Não achaste que estava diferente? Estava, não estava? Mais triste, mais escura... A nossa Feira. Nunca mais será a mesma! Bolas! Porque é que tem de ser assim? Todos os dias na minha cabeça só existe um pensamento. Porque é que eu, que sempre ia contigo mesmo quando dizias que não era preciso, porque que é que não fui contigo naquela noite? Porquê? Que injustiça, Bicho!

Mas continuo a não desistir dos nossos sonhos. Juro. Tu sabes que é dificil eu desistir.

Viste os teus amigos? Têm saudades tuas...

Não consegui beber o nosso abafadinho. Eu sei, eu sei, devia ter feito um brinde. Desculpa, não consegui! Pedi a um grande amigo para fazerem por nós... Pelos bons velhos tempos de “Golegãs”! Tantos anos. Tantas memórias. Tantas risadas. Oiço a tua gargalhada... Todos os dias, a toda a hora! Mas porque é que eu tive de te ver cair??? Porque é que essa imagem não me sai da cabeça? Tu nunca caias assim... Tu levantavas-te sempre! E eu que acreditei tanto. “Isto já passa. Amanhã vamos estar no Hospital contigo. A rir. E eu a ralhar pelo susto que nos deste!”. Ainda hoje estou à espera que chegues e digas que estavas a brincar, como fazias... “Ó Edmundo Jorge, isso não se faz!”. E tu a rir. A abraçar-me. E a dizer: “Pronto, Bicho, já passou! Porque estás a chorar? Já passou”, como me dizias quando eu tinha pesadelos. Nunca sonhei com isto. Não acredito. Não acredito. Não acredito. Tu? Logo tu que nunca saias de perto de mim...

Tenho estado no teu Pátio. O Fábio hoje mexeu os cavalos. Portaram-se bem. Desculpa ainda não ter trazido o Néctar. Mas tu sabes que ele está bem, não podia estar melhor, no sitio onde gostaste sempre tanto de o levar... O Pátio está triste mas tenho de o trazer... Para o nosso “canto”! O Jarro tem saudades. O Baco tem saudades. Eu tenho saudades. Perto dele fico mais perto de ti! Cuida do nosso Néctar, para ele ficar muito tempo connosco. E juro-te, Bicho, ele ainda lá vai voltar... À nossa Golegã! “O meu Néctar engatado a entrar na Manga da Feira, até faz poeira!!!”, dizias tu. Se não conseguir levá-lo engatado, porque sabes que pode ser dificil para mim, eu levo-o montado. E juro-te que ele vai entrar na Manga da Feira tão bonito como quando ia contigo. Ajudas-me, não ajudas? Vais ter orgulho em mim, não vais, meu amor? E havemos de desfilar os três, pelo Largo do Arneiro, levando connosco os sonhos construidos nestes anos todos! Ai tenho tantas perguntas para te fazer! O que achas melhor eu fazer, Bicho?

Tu sabes que eu não desisti do que mais gostavamos, do que sempre planeámos... vai ser diferente mas vai ser! Os nossos amigos vão ajudar-me, todos têm sido grandes, mas mesmo grandes amigos!
Viste-os quando passaste pelo Pátio naquele dia? Estavam lá todos, não faltou ninguém. O Pátio estava como tu mais gostavas. Cheio de Amigos. A aplaudirem-te. Pelo que és. Pelo que nos ensinaste. Pela lição de vida que nos estás a dar. Aplaudimos-te. E o teu amigo, o teu “irmão” disse o que nunca vamos esquecer... “O ESPÍRITO DO PÁTIO NÃO MORRE!!!”. Vamos cumprir. Mesmo que um dia sejamos menos, vamos cumprir. Tu sabes! Nunca tivemos dúvidas disso.

Ai, amo-te tanto! Gostas de mim, Bicho? Parece que ainda te oiço dizer: “Do tamanho de 100 mil milhões de Universos!”. Para sempre...