segunda-feira, junho 27, 2005

"Eu vou-lhe dedicar este ferro!”

"Terá sido assim que Rui Salvador reagiu à crítica da bancada segundo a qual deveria ser o cavaleiro a tourear e não os peões de brega. E a partir daí a lide foi diferente"... É este o começo da crónica do Sr. Tomás Dentinho em www.auniao.com.
"Mesmo com um touro pequeno que, na minha desinformada opinião, foi o mais bravo da corrida. E foi assim que uma lide diferente espicassada pelo público passou facilmente a ser a melhor lide da corrida. Neste caso estou de acordo com o júri apesar dos apupos de parte do público e do esforço e arte dos restantes cavaleiros.A parte mais importante de uma corrida de touros é o público. Na forma como acorre à festa e na maneira como nela participa. Aqui os terceirenses cumpriram mais uma vez. Apesar dos preços e da crise, apesar da emissão ser televisionada e de haver um desequilíbrio manifesto no cartel. E se muitos saíram meio desiludidos com o espectáculo o que é certo é que isso irá ser compensado com as conversas, disputas e debates que se seguem.O público esteve bem quando acorreu e, como disse, quando se manifestou com comentários e aplausos durante a lide. A única coisa que destoou foram os apupos no fim, quando foram anunciados os prémios da melhor lide, do melhor touro, do touro melhor apresentado e da melhor pega. Das duas uma, ou mudamos o sistema de selecção dos premiados para um sistema mais democrático em que pelo menos duas centenas de espectadores escolhidos aleatóriamente podem votar por telemóvel. Ou então aceitamos que o júri seja constituído por conhecedores dos touros e temos a descrição civilizada de aceitar o jogo e o seu resultado. Atendendo à qualidade do público da Terceira julgo que o sistema de votação por telemóvel, acima descrito, é mais aconselhável. Até porque é bem provável que os ditos conhecedores tenham preferências face às ganadarias, aos toureiros e aos forcados que, no limite, determinam a escolha entre alternativas parecidas.O segundo elemento essencial a uma boa corrida são os cavaleiros, os bandarilheiros e os forcados. Ou a sensibilidade que têm para reagir e mobilizar aos comportamentos do público. O pressuposto que se verifica em muitas praças do país é que o público não só é aficionado e sabe de touros como vai à praça para se divertir. Por isso é suficiente divertir que o saber está assumido. Por vezes basta um ferro bem colocado, um pormenor de um bandarilheiro ou, como ouvi ontem num brinde bonito, a honra de um forcado. Há tanto tempo que não ouvíamos essa palavra grande que damos por ela num pequeno brinde de uma pega. “É com muita honra!”. Finalmente existe o touro, mas isso faz parte do imprevisível meio ambiente que nos rodeia. Meio ambiente em que interfere, muito pouco, a escolha do ganadero".

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